Fetiche - Noticias Correm

Noticias Correm



Ele colocou a mão na boca da garota de cabelos escuros tapando junto seu nariz, tirando dela sua respiração. Ele sorria ao mesmo tempo que a fitava nua no chão e se arrepiando ao fazer o ato.
Ele a fez desmaiar e com ela desacordada o homem vestido todo de preto com o rosto coberto por uma máscara estilo ninja a arrastou pelo chão devagar e sem tirar os olhos do rosto da jovem que estava perdendo a cor rosada.
Seus olhos azuis brilhavam mesmo no escuro do corredor que ele passava, quando abriu a porta do banheiro acendeu a luz e soltou os braços da jovem.
Ele abriu a torneira deixando a água inundar a banheira branca enquanto fitava atentamente o despertar da jovem.
Ela se debateu no chão tentando fugir das amarras.
“Isso não vai dar certo, Maura”, ele sussurrou se abaixando para ficar mais próximo da garota que o encarava com olhos assustados.
Ele a puxou pelo cabelo levantando-a, ela chorava tentando gritar, mas nada saia de sua garganta a não ser os breves sussurros implorando pela vida.
“Entre na banheira”, ele disse baixo e calmo calculando cada opção de fuga que ela poderia ter estando em pé. “Não tente nada que eu não faria”, ele disse soltando a amarração feita pela corda fina com listras vermelha e preta.
A jovem entrou dentro da banheira com seu corpo tremulo como se estivesse certa do que estava por acontecer, e ela estava pronta para o seu fim.
Com suas mãos com luvas pretas ele fechou o registro da torneira cessando a água.
“Vai ser rápido, porem dolorido”.
Ela parou de chorar e se sentou dentro da banheira sentindo a água quente arder sua pele fina e delicada. Maura olhou para a janela pequena do banheiro no alto da parede, estava frio do lado de fora e escuro. Ela sabia que se tentasse gritar não seria ouvida estando longe o suficiente de sua casa.
“Finja que está em um banho, um delicioso banho de espumas”. Ele diz ainda sem tirar os olhos dela.
Com um movimento calculado ele entrega a esponja para a jovem que com as mãos tremulas segura e começa a deslizar a esponja pelo corpo.
O homem continua fitando cada movimento dela, aquilo faz com que todos os seus sentidos sejam aflorados, seu corpo arrepia com o prazer. Ele se aproxima tocando a água com suas luvas, ele acaricia o rosto de Maura com uma de suas mãos e a paralisa ao segurar seu pescoço.
Maura fechou os olhos assim que o homem segurou seu pescoço apertando sua vida.
Ela se desfez em sua mão, não lutou, não gritou, apenas desistiu deixando ser tomada por algo que não tinha conhecimento.
Ele sentiu a vida dela ser tomada por sua mão que ainda apertava o pescoço da jovem morta. O prazer era eminente visto de seus olhos.
O homem fechou os olhos revirando-os, ele sentia isso, sentia a via dela indo embora e isso o fazia delirar.
Ele a puxou de dentro da banheira e a secou com a toalha branca que estava estendida no mancebo de madeira entre o mármore da pia e o vaso sanitário.
Ele a jogou sobre os ombros e a levou de volta para o quarto colocando–a sentada em uma cadeira estofada.
Ele a olhou por uns instantes vislumbrando o trabalho feito minunciosamente, tirou a toalha do corpo da garota nua.
Ele pegou um pedaço de papel e escreveu algo nele colocando–o no colo da jovem.
 
***
 
“Já tivemos três consultas, Sr. Bennet, preciso que você me fale algo mais pessoal sobre você”.
“Por favor, me chame de Simon”.
“Claro, Simon”. A Srta. Davis disse me fitando com seus olhos verdes penetrantes, “me fale um pouco sobre seu trabalho”.
Contatei a Srta. Davis depois de um incidente no trabalho, um empregado me atacou verbalmente e eu acabei socando o rosto dele. Abriram um processo trabalhista e fui obrigado a me consultar com uma terapeuta.
Esse era o trabalho da Srta. Davis. Ela cruzou suas pernas longas e ajeitou a saia puxando–a para cobrir um pouco de suas pernas. Ela segurou seu pequeno bloco de notas e sorriu esperando minha resposta.
Olhei para os lados vi que a janela da sala estava aberta e um pequeno pássaro colorido pousou na guarnição da janela.
“Gosta de pássaros?”. Ela perguntou com sua voz doce e delicada.
Encarei seu rosto redondo composto pelos lábios carnudos, nariz pequeno, maçãs do rosto alta e coradas, seus olhos verdes cinzentos e cílios delineados.
“Meu pai era observador de aves quando eu era pequeno”, respondi depois de alguns segundos em silencio.
Srta. Davis bebeu um pouco da água que estava em um copo em cima da pequena mesa disposta ao seu lado.
“Como era o seu relacionamento com o seu pai, Simon?”.
Aquela pergunta, temia por aquilo, não devia ter colocado o no assunto. Ele era o causador de tudo, de minha insônia, até meus delírios diários.
A mesma pergunta me fez trazer lembranças do meu pai, o jovem Bennet, lembro de estar sentado no sofá da sala de vídeo, minha mãe estava na cozinha fazendo um lanche junto a governanta, acho que as duas eram amigas, minha mãe era jovial e amiga de todos os empregados que circulavam pela casa.
Escutei minha mãe gritar da cozinha e em seguida o grito abafado da governanta pedindo socorro. Corri em direção a cozinha mesmo com o meu coração querendo sair pela boca, meu pai estava chutando minha mãe na barriga gritando alto para quem quisesse ouvir que não aceitaria aquele filho, dizia que ela era uma mentirosa traidora.
Fechei as mãos em punho e respirei fundo tentando me conter.
“Simon?”. Ela me chamou a atenção.
“Era boa, ele era um bom pai”. Respondi rápido o suficiente para tentar me livrar dos meus devaneios.
“Trabalho como editor chefe em uma revista”, disse perambulando o dedo indicador ligeiramente na palma da mão, ela sorriu e franziu o cenho parecendo estar curiosa e ao mesmo tempo feliz por me abrir.
Mesmo depois de algumas seções ainda não me sentia à vontade com a Srta. Davis, ela era encantadora e atraente. Sua simpatia ultrapassava os limites, quando chegava ao seu consultório ela tentava de todas as formas fazer com que eu me sentisse confortável, como naquele dia, ela ofereceu o divã para me deitar, alguns cookies com gotas de chocolate e um copo saboroso de leite.
Não aceitei nada e ela logo pareceu decepcionada.
“O que um editor chefe faz?”. Ela descruzou as pernas juntando-as e continuou a me encarar nos olhos, “Quero dizer, o que você faz?”.
“Meu trabalho é garantir que a revista saia todas os meses dentro do prazo, tento me empenhar e revisar, pelo menos, noventa por cento das publicações”.
“Isso é ótimo, mas Simon, tem um assunto que eu preciso falar com você, e sei, não tocamos neste assunto ainda...”.
“Fui violento”, disse interrompendo–a e continuei quando vi que ela estava surpresa por ter começado a falar, “Ele gritava e batia na mesa com as pastas primeiro e depois ele jogou todo o trabalho de uma das redatoras no chão e começou a bater com a mão na mesa”.
Meus olhos estavam fixos nos olhos verdes cinzentos da Srta. Davis, não pude deixar de olhar cada milímetro daquela beleza que existia ali.
“Grudei na cabeça dele e o soquei no nariz, ele tentou revidar, mas fui rápido, todos estavam olhando, as mulheres estavam apavoradas e pediram para eu parar, alguns homens tentaram me segurar, mas eu continuei, continuei batendo a cabeça dele na mesa com a mesma força que ele batia com a mão”.
Percebi o arrepio que correu por toda a espinha da jovem terapeuta, ela tinha por volta seus vinte e sete anos de idade, era noiva pois exibia o anel de noivado na mão, mas não tinha nenhuma foto do seu noivo dentro da sala toda rustica.
Estava sentado em uma cadeira baixa de sisal, ela estava sentada a alguns metros em uma cadeira de madeira, acho que carvalho. O relógio no alto da porta de saída fazia aquele barulho irritante, tique taque tique taque tique taque.
“Me fale um pouco da sua mãe, a Sra. Bennet”, ela disse a frase sorrindo com toda a sua simpatia.
“Ela faleceu”.
“Sinto muito...”.
“Não sinta, não foi você quem a matou”, minha fala foi fria e áspera fazendo o sorriso de seu rosto desaparecer, “meu pai fez isso”.
Disse as quatro palavras tão rápido que mal pude ouvi-las. Mas ela as capitou no ar e se chocou com a informação, a Srta. Davis ficou calada me olhando esperando que dissesse algo tão empolgante quanto ao que acabei de dizer.
“Tenho que ir, Srta. Davis”, disse levando–me da cadeira de sisal, estendi a mão em um cumprimento educado e ela me saldou com um aperto de mão rápido, “espero que ainda queira me ver na próxima semana”.
Ela se levantou puxando o cumprimento da saia para baixo.
“Claro, temos um compromisso a um mês, Simon”, ela me acompanhou até a porta azul com seu lindo sorriso cheio de simpatia, “até a próxima seção”.
Sai da sala e passei pelas duas mulheres dentro da recepção bem iluminada pela janela que exibia a paisagem dos prédios do centro de Detroit.
Apertei o botão chamando pelo elevador e me virei para vislumbrar a paisagem, não pude deixar de ouvir as duas mulheres conversar, mas o que mais me chamou a atenção foi a chamada Morello Hall, seu marido tinha uma amante dez anos mais nova que ela. E ela contava como flagrou os dois há três noites atrás.
Morello tinha o cabelo longo e escuro como a noite e seus olhos eram castanhos, sua pele era mulata de um tom único. Ela me olhou rápido pelo canto dos olhos assim que o elevador abriu a porta dupla cromada. Eu a encarei pelo reflexo do espelho na parede do elevador e apartei o botão do térreo. Ela sorriu antes da porta se fechar e eu soube naquele momento o que ela queria.
A porta do elevador se abriu no térreo, cumprimentei educadamente com um aceno de cabeça o segurança que estava parado na porta do prédio assim que sai. Entrei no carro de luxo estacionado na frente do prédio e acelerei.
A revista me afastou do trabalho e isso me fez ter tempo livre o suficiente para organizar minha vida, naquela noite seria inaugurado meu novo empreendimento e com certeza o ápice de notícias da semana.
O Piano-bar Rokeless seria a grande notícia da noite, a revista cobriria toda inauguração e todos os acontecimentos anteriores fizeram o empreendimento ter um pouco mais de fama. Não que todos gostaram da notícia, claro que o jovem que ganhou o processo não estava contente, seus advogados até tentaram me impedir dizendo que não estava sobre controle para tal feito, mas encarreguei meu melhor amigo Nolan Copper do trabalho.
Estacionei na frente do bar na rua Plum de esquina com a Oitava. Desci do carro com o meu sorriso que dizia tudo. A felicidade. O prédio era antigo, mas a reforma o fez dar um pouco de luxo e beleza a rua parada. Nolan jurou que aquela não era a melhor locação para um bar, mas insisti, pois, como receberia o público esperado estando no centro da cidade?
Nolan saiu do prédio passando pela porta de vidro escura e olhou para cima vislumbrando o letreiro incandescente ROKELESS, ele mesmo escolheu o nome assim que se tornou sócio.
“O piano acabou de chegar”, ele disse se aproximando com sua calça jeans tão colada ao corpo que era como se tivesse sido costurada ali mesmo, “O barman chega em uma hora, pedi para ele vir antes junto com os outros, as garotas que contratamos não são as melhores, mas...”.
“Por favor, não me canse com esses detalhes”, disse interrompendo–o, “estamos no crepúsculo da noite, vou pedir para o pessoal da revista não se atrasarem”.
Caminhei até a entrada do prédio e Nolan me seguiu com suas pernas longas e finas.
“Você está bem?”. Ele perguntou sem me olhar nos olhos desviando toda sua atenção para o letreiro acima de nossas cabeças.
“Cada segundo melhor”.
Entrei no bar e desci os quatro degraus da entrada. Estava tudo como eu havia planejado. A área exclusiva era no fundo, próximo ao bar que era feito do mármore mais escuro. As bebidas atrás do balcão estavam dispostas na vitrine mostrando seu colorido esplendor. Algumas mesas estavam colocadas em fileiras perto da parede e o lugar era totalmente climatizado pelo ar frio que não se encontrava do lado de fora da cidade.
“Montei uma sala exclusiva para a LeMarchal, como pediu”.
Ainda extasiado pelo lugar abri um sorriso e abracei Nolan que se manteve parado sem nenhuma reação.
“Obrigado, Nolan, eu realmente não sei o que faria sem você”. O soltei e deixei ele para trás saindo do prédio e entrando no Audi R8, antes de dobrar a esquina a caminho do meu apartamento vi Nolan pasmo na porta do bar pelo retrovisor, ele estava tão surpreso pela minha reação que me causou risos.
O maior investimento da minha vida toda foi o meu apartamento de quatrocentos metros quadrados, na cobertura do prédio da Avenida Mark de esquina com a rua John R. quando pequeno sempre sonhei em morar na cobertura, há muito tempo atrás essas não seriam as minhas condições, as vezes me pego pensando em como subi na vida tão rápido.
Tenho uma resposta, Nolan Copper, ele sempre esteve por trás do meu sucesso e posso atribuir tudo a ele. Quando Nolan apareceu na minha vida tudo mudou.
De um estudante de publicidade me tornei sócio da maior revista do estado americano. Meu capital fluiu em dois anos, em três comprei a minha cobertura e com sete anos me tornei sócio majoritário na LeMarchal.
Tudo graças ao meu melhor amigo Nolan que apareceu no meu pequeno intervalo entre uma aula e outra me oferecendo uma oportunidade de crescer.
Nunca imaginei que comprar ações de empresas me tornaria um dos homens mais poderosos de Detroit.
Com dez minutos cheguei ao meu apartamento, olhei a minha volta e decidi que já estava enjoado do puro branco que se espalhava no primeiro ambiente.
“Preciso de uma reforma”, disse para o espaço.
Caminhei até a piscina que ficava atrás das paredes de vidro, o azul da piscina de água cristalina deixava o horizonte de prédios metálicos ainda mais belo.
Coloquei meus três telefones celulares na cadeira de deitar e tirei o paletó colocando ao lado deles.
Me aproximei do para peito espelhado que era na altura da minha cintura e abri os braços sentindo o vento forte circular pelo meu corpo com os olhos fechados.
Tentava fazer aquilo pelo menos uma vez por semana, era como ir a um retiro espiritual, limpava a minha mente, refrescava o meu corpo, tirava a maioria dos meus pensamentos ruins, aqueles pensamentos que me afligiram durante a semana toda.
Me virei olhando em direção a porta da sala toda decorada de branco.
Ayla me seduziu com seu olhar de gato e seu corpo nu encostado no vidro da porta por onde havia passado há alguns minutos.
“Pensei que tinha compromissos para hoje”, disse ela sorrindo e tentando me atrair para seu corpo que funcionava como um imã para os meus desejos sexuais.
“Meu compromisso sempre foi com você, Ayla”.
Ayla era uma garota de programa antes de me conhecer, seu nome era Jerta Bigaiu, a conheci em Nova Iorque durante uma das festas da LeMarchal.
Ela estava servindo as mesas e pedi para que ela se sentasse ao meu lado, fiz perguntas e ela não se importou de contar toda sua vida.
Um convite a trouce para o meu mundo transformando–a em Ayla Bigayo uma socialite cobiçada pelas revistas de moda do mundo todo.
“Dei uma entrevista para a LeMarchal nesta tarde”, ela disse mexendo seus lábios finos e rosados pausadamente, “fizeram questão de perguntar sobre seu novo empreendimento”.
“E o que você respondeu”, dei um passo em sua direção e ela se endireitou para fazer o mesmo, “disse a eles que será incrível, popular e que toda a mídia de Detroit estará lá?”.
Ayla se aproximou com passos lentos e me apertou contra o seu corpo nu.
“Disse que você é a melhor pessoa para ser dono de um Piano-bar, disse que seria incrível e majestoso”.
“Você sabe me fazer feliz, Ayla”.
Eu a beijei tomando–a em meus braços, ela era voraz e sedenta, puxei ela suspendendo seu corpo no meu segurando na sua cintura.
Eu a deitei na outra cadeira de deitar e enquanto a beijava tirei o cinto da calça social preta.
Ela gemeu baixo assim que comecei a beijar seu pescoço.
“Eu sabia que isso iria acontecer”, era a voz de Nolan e me fez parar de beija-la para encarar seu rosto pálido.
Me levantei guardando o que já estava para fora pronto para fazer o serviço.
Ayla virou–se de bruços e o encarou com um sorriso no rosto.
“Você não se controla, Simon”, ele começou se aproximando, “e você Ayla esperava um pouco mais”.
“Você precisa saber que até os jogadores de futebol precisam de umazinha antes de fazer seu espetáculo”, disse sorrindo e colocando o cinto de couro de volta.
“E você precisa saber que Simon não é jogador de futebol”, ele olhou para Ayla serrando dos olhos, “Vá se vestir garota”, ele voltou a me encarar, “e você seja rápido ao trocar de roupa. Temos um compromisso está noite e não vou deixar você quase estragar tudo como fez na noite da reestreia da LeMarchal.
Nolan se referia ao meu terrível e lamentável pior dia da minha vida como um breve lembrete do meu quase fracasso.
Acabei transando com a esposa de um dos meus maiores investidores e ele nos pegou no flagra. Aquilo me custou um investidor e dois milhões de dólares pelo silencio do marido traído.
Claro que coloquei tudo em um contrato de sigilo, assinado poucos minutos antes da minha entrada no evento.
Sabíamos que Ayla não era casada, mas para Nolan tudo era um presságio do mal. Como se ele soubesse que tudo daria errado se não intervisse em todos os acontecimentos de pré-lançamento.
Quarenta minutos foi o que demorei entre o banho e a escolha do melhor smoking, acabei por escolher o azul Royal, estava prendendo as abotoadoras de diamantes quando ele entrou no quarto sem aviso prévio.
“Está tudo pronto, Simon”, nunca o vi tão entusiasmado desde o dia que fui preso por dirigir em alta velocidade e ele teve de me tirar da delegacia, “não beba muito, apenas o suficiente para que os outros o veja beber, seja cortês e não paquere com todas as mulheres, agora que tornou público seu romance com a socialite do quarto ao lado”.
Dei risada, ele estava sendo paranoico e ficou ciente disto assim que viu meu riso.
“Posso dizer que temos um relacionamento aberto?”. Perguntei para irrita-lo com o meu tom de voz mais irônico possível.
“Espero que seja uma daquelas perguntas retoricas que se faz na frente do espelho, agora vamos, Simon”.
 
Nolan estacionou sua Montana no estacionamento do Rokeless que ficava ao lado do prédio. Cumprimentamos o segurança que usava terno e gravata naquele fim de tarde quente. Estávamos no fim de junho e o calor só aumentava conforme os dias passavam.
Entramos pelos fundos no Rokeless, a equipe da LeMarchal estava circulando de um lado para o outro teclando em seus iPad’s e falando ao telefone celular ao mesmo tempo.
“O que está acontecendo aqui?”. Perguntei em voz alta e todos pararam de fazer o que estavam fazendo para me encarar com seus olhos assustados. Eles sabiam que mesmo eu estando afastado da revista estava no controle de tudo mesmo que indiretamente.
“Bennet”, começou Aurora se aproximando com seus passos apressados em minha direção, “é só os últimos detalhes para o site que exibira as notícias em tempo real”. Aurora era alta, apenas em cima de seus saltos exuberantes, “Não é nada com que precise se preocupar”.
Aurora era a minha diretora de arte e a nomeei como chefe de tudo assim que fui afastado. Sorri sem dar a ela o que ela merecia, que era um belo de um agradecimento, tenho certeza de que era exatamente isso que Aurora estava esperando enquanto me olhava se afastar em direção ao piano com seus olhos atentos aos meus movimentos.
O último elogio que lhe fiz foi por causa da maravilhosa cobertura que fez em evento muito cobiçado pela imprensa.
Sentei ao piano e comecei a tocar uma das variadas melodias que conhecia, era lenta e melódica o que fez todos desapressarem seus movimentos para ouvir a música.
A noite escureceu a rua e todo o barulho das batidas eletrônicas começou.
O salão começou a ficar cheio das pessoas mais importantes de Detroit, os ricos cobiçados por toda a rede de imprensa estavam bebendo e se socializando uns com os outros.
Mas meus olhos só tinham foco em apenas uma pessoa, a mulher que passou pelo segurança no melhor momento da noite. Nossos olhos se encontraram por alguns instantes e senti a mesma coisa que senti quando o mesmo aconteceu no elevador há algumas horas atrás.
Morello Hall sorriu disfarçando ao virar o rosto para se embuçar do meu olhar.
Todos os olhares estavam voltados em minha direção assim que me coloquei diante do piano dourado, me sentei quando os flashes disparavam sem parar.
Esperei que eles cessassem, e deixei meus dedos tocarem as teclas do piano tocando minha melhor melodia. Era uma canção que ouvi apenas uma vez sendo tocada por outra pessoa.
Quando a melodia acabou o público aplaudiu com animo e sorrisos em seus rostos.
Me afastei do piano quando outra música dançante tomou o lugar do som do piano, me aproximei lentamente de Morello que estava distraída conversando com o que parecia ser uma amiga muito intima.
“É uma tática?”. Perguntei e ela se virou para me encarar.
“Não sei do que você está falando, eu mal o conheço”, ela se endireitou e juntou a sua amiga para me encarar.
“Simon, meu nome é Simon Bennet, e é um imenso prazer te conhecer”, olhei para o barman atrás do balcão do bar, “tudo o que está mulher pedir, é por conta da casa”.
O rapaz assentiu entendendo.
 
A JOVEM MAURA KARMASAN ESTAVA DESAPARECIDA E FOI ENCONTRADA MORTA NESTA NOITE EM UMA DE SUAS RESIDÊNCIAS, AS AUTORIDADES INFORMARAM QUE NÃO HOUVE ARROMBAMENTO E NADA NA CASA FOI LEVADO. ISSO ENTRA DENTRO DOS PADRÕES DOS ÚLTIMOS ASSASSINATOS QUE OCORRERAM EM DETROIT. SERÁ QUE TEMOS UM ASSASSINO A SANGUE FRIO TÃO PERTO QUANTO IMAGINAMOS?
 
Elice desligou a televisão que transmitia o telejornal e olhou nos olhos de todos homens e mulheres que estavam dentro da sala de reunião.
– Meu nome é Elice Muller e sou a nova investigadora chefe deste caso. Acredito que as últimas três mortes estão ligadas devido a forma que as vítimas foram encontradas e por se tratar do mesmo perfil em ambas. É claro que isso também foi verificado pelo último agente encarregado, mas percebi algo, alguns pontos sobre assassino em série. Por favor, Jenny fale um pouco sobre o que a equipe sabe sobre os crimes.
Elice se encostou na mesa de madeira chumbada ao piso e cruzou os braços ainda encarando a todos com o seu olhar sobressalente.
Jenny a jovem detetive se levantou diante de seus colegas e empurrou um conjunto de fotografias pela mesa e Elice as pegou olhando cada uma atentamente.
– Sabemos que está pessoa deixa suas vítimas nuas sentadas em algum móvel do local, ele limpa suas vítimas e isso faz acreditar que ele passa bastante tempo com elas – Jenny assenti para Elice e senta novamente.
– Até o momento, encontramos três mulheres, e todas as mortes aconteceram três dias antes de encontra-las, quero mudar isso, não podemos ficar sempre três dias atrasados, para isso temos de descobrir e prender esse psicopata – ela varre com o olhar os rostos da sala – pensem nisto como um vício, o serialista está fadado a se saciar como heroína, cocaína e outras dragas e também fadado ao fracasso – Elice começa a caminhar entre a equipe a tenta aos seus movimentos – é por isso que os períodos de calma ficam curtos e os crimes elaborados e ele vai continuar alimentando esse habito de matar, a menos que o detenhamos – ela para no fundo da sala enquanto todos olham para o quadro com fotografias das cenas dos crimes – ele tem um tipo de vítima, ele as escolhem, não as conhecem, mas as conhece. É provável que ele já esteja por aí procurando a próxima vítima e pode haver uma lista de espera, não sabemos. Como ele seleciona essas vítimas?
Elice ficou em silencio por alguns segundos esperando uma resposta até que Jenny empolgada disse:
– Ele tem um tipo, todas essas vítimas têm de vinte e cinco a trinta e cinco anos, moram sozinhas, são de uma classe social alta, independentes – Jenny concluiu com um sorriso no rosto.
– Ele deve passar de três a cinco horas com as vítimas, pois ele as limpa e não deixa rastros – disse Steve olhando para Elice que o encarou surpresa – a pergunta é: até que ponto ele fica com elas?
Elice sorri sentindo que eles estavam finalmente entendo o que ela gostaria.
– Vou fazer um anuncio a imprensa, todas essas evidencias não devem sair desta sala. Estavam finalmente abrindo a Operação Fetiche. Estão liberados.
Elice espera que todos saem da sala e encara Russel do outro lado.
Russel Oister, o homem de barba por fazer grisalha se aproximou e ofereceu a mão para Elice que retribuiu o gesto.
– É um prazer tê-la em minha equipe Srta. Muller – ele sorriu educadamente – agora vai viver sua longa vida, - Jenny bate na porta retornando - Jenny leve–a daqui, por favor.
– Não me peça duas vezes pai – Alice caminhou até a porta de saída da sala percebendo que todos já haviam saído – vamos Jenny, temos aquele tal de piano-bar para irmos nesta noite.
A jovem estava amarrada e imóvel no chão do quarto do Hotel Clarkayd, o quarto de luxo tinha uma lareira que esquentava aquela noite de começo de julho.

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