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Mostrando postagens de setembro, 2019

Bárbara - Capítulo 2

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Doce Guerreira. Estava no meio do ano, era uma das últimas semanas de aula. Estava cansada e completamente insegura na sala aonde estava. Vovó comprou uma máquina braille para me ajudar nas aulas. Ela fazia um bipe cada vez que o espaço da folha acabava para fazer girar a folha e dar mais espaço para fazer as anotações. Cada vez que o som se repetia dois garotos repetiam o ruído baixo para que a professora não ouvisse. Ela estava ditando a matéria, era a melhor forma de me fazer entender. Deveria ter tido mais paciência ou usado outra forma de me impor. Mas tudo estava tão errado. As formas como eles me tratavam, como falavam comigo. E mesmo que a professora os repreendessem eles continuavam em outras aulas ou no intervalo. Era injusto. Contei para a vovó o que estava acontecendo e ela foi até a escola conversar com os coordenadores. Eles me colocaram em uma sala fria, sentada de frente aos dois garotos denunciados. Eles tinham a aura como a da minha mãe. Eles eram ruin

TodoEu - Sem amanhã

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Sem Amanhã Por dias fiquei pensando nele, várias noites fiquei sem sono me perguntado ‘porque não fiz isso’, ‘porque não o procurei’. Estava na hora de responder essas perguntas. Parecia que quanto mais pressa estava de chegar lá mais demorava, os semáforos fechavam, o transito estava ruim e mais pessoas queriam atravessar a rua do que antes. Aquele parque nunca foi tão longe quanto estava sendo agora. Felizmente consegui uma vaga para estacionar na Madison Street. Sai do carro branco e sujo diferente dos outros que estavam estacionados a frente. Atravessei a rua correndo entre os carros e já estava na frente do Madison Square Park o que era ótimo, por outro lado começou a chover então corri para ficar em baixo de alguma arvore que não me molhasse tanto quanto as outras que passei. Lá estava ele segurando um guarda-chuva transparente no meio do parque, o reconheci pelo cabelo branco meio jogado para trás e dividido ao meio. “Samuel Tondick”, disse baixo lembrando da p

Correntes Secretas - Queda

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Queda É estranho pensar em todas as coisas que me fizeram chegar até aqui, saber que todo esse mundo sempre existiu debaixo do meu nariz me faz querer entender o sentido de tudo isso. Mas não era exatamente nisto que estava pensando enquanto caminhava pelo caminho de pedras até a porta dupla, tentei não encarar os dois seguranças altos sem expressão alguma no rosto, mas eles me olharam nos olhos assim que abriram a porta para que eu passasse. Então estava dentro de uma sala com laterais que parecia ser dois aquários enormes, dentro desses aquários em meio aos peixes manequins com máscaras. A minha frente uma jovem seminua também mascarada, em suas mãos ela segurava a máscara que me entregou. Tentei não me aterrorizar, talvez o que estivesse atrás daquela segunda porta fosse pior, talvez eu devesse voltar para o carro junto a Jeferson. Mas se eu tivesse feito isso, se por um a caso tivesse recuado, talvez por alguns segundos pensando comigo mesmo, nada teria acontecido

Bárbara - Capítulo 1

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A Senhora. Estava andando no centro da cidade, o garoto de estatura baixa, cabelo escuro e pele mulata. Atravessei a rua para chegar no antes reformado Terminal aonde tomaria meu ônibus para voltar para casa depois de um dia cansativo de trabalho. Minha casa ficava do outro lado da cidade e provavelmente o horário de pico tomaria de trinta a quarenta minutos no transito. Virei para a direito e sentei entre um pilar e uma Senhora. Ela me olhou nos meus olhos castanhos escuros e sorriu educadamente como um cumprimento. Tirei a mochila das costas e a coloquei sob o meu colo. “Quando a linha 216 chegar você pode, por favor, me avisar, jovem?”. Olhei para ela e assenti com a cabeça dizendo que sim. Ela tocou minha mão gentilmente. “Desculpe-me, mas não ouvi uma resposta”. Olhei para ela e disse que sim então ela me olhou novamente. Ela usava um casaco moletom bege, seus dentes eram ligeiramente amarelados, seu cabelo branco e a pele com marcas de sua idade. “Eu sou cega”,

TodoEu - O que nunca tive

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O que nunca tive Sempre achei que a melhor das soluções era se afastar daquilo que te az sofrer, se manter com a mente ocupada, qualquer coisa que te faça parar de remoer sentimentos. S. Tondick, este é meu nome, é incrível como minha família conseguiu carregar este sobrenome durante tanto tempo, não sei como eles conseguiram. Minha família é composta por pessoas fracas. Meu pai é um cretino que nunca está em casa, faz o tipo que visita a família aos fins de semana só para dizer aos amigos que esteve com o filho, e este é o fim de semana onde a empresa dele patrocina um encontro entre pais e filhos. Minha mãe insistiu para ir e ele acabou cedendo era a oportunidade dela não desmaiar sozinha em casa após uns dois litros de whisky. Estávamos sentados no parque da empresa, era um lugar cheio de arvores e crianças correndo de um lado para outro, O encontro deste ano tinha um tema, “piquenique”. Então a quantidade de toalhas xadrez vermelha e branca e cestas de piqueniques e