POR DENTRO - Iniciadora de incêndios
Iniciadora
de incêndios
Sempre me perguntei o que é o amor, se ele
realmente existe ou se é uma coisa inventada pelo os homens como uma forma de
demonstrar um pouco de carinho ao próximo. Eu não sei exatamente o que estou
sentindo, mas se for amor peço apenas que não me deixe sentir isso sozinho
Nico
estacionou o carro na frente da sua casa, ele destravou a porta e Ryan saiu do
carro primeiro.
__
Não sei se é uma boa ideia vir aqui.
__ Me
diga um motivo, se eu julgar ele como um bom vou te levo para sua casa – disse
Nico saindo do carro.
__
Amanhã tem a festa do Stefan. Tenho que ir embora para descansar.
__
Não é um motivo, é apenas você me dando uma desculpa para me deixar sozinho.
Sabe eu preciso de um amigo.
Ryan
sorriu e começou a ir em direção a porta de madeira.
Nico
correu e abriu a porta com a chave que estava no bolso do seu jeans escuro.
Eles entraram e Nico acendeu a luz iluminado a sala de visitas e a de jantar.
__
Vou pedir uma pizza, então comemos e assistimos um filme.
Ryan
o encarou e percebeu que ele estava nervoso, como se estivesse... Nico se virou
e encarou Ryan. Ele se aproximou e lhe abraçou apertado.
__ Eu
não sei porque, eu não sei – Ryan o abraçou passando seus braços em volta de se
corpo – eu não entendo.
__ O
que está acontecendo, Nico.
Nico
se afastou e o encarou nos olhos.
__
Nós nunca... Eu nunca fiz nada com ela, e quando tentamos... eu tenho certeza
de que não aconteceu nada – ele se interrompeu e virou de costas encarando a
parede de quadros com foto da família.
__ Me
diga, sobre o que estamos falando?
__
Fernanda, estamos falando sobre a minha namorada – Nico disse alto voltando a
encarar Ryan – ela disse que está gravida e eu estou surtando.
__
Como assim? Você me disse que nunca...
__
Ela só me chupava, não fazíamos nada, uma vez... Apenas uma fez, mas estávamos
usando camisinha...
__
Fique calmo – disse Ryan.
__
Não consigo...
Ryan
caminhou até o bar que ficava próximo a escada e pegou um copo e o serviu com
whisky, ele se aproximou se Nico e colocou o copo em sua mão.
__
Beba – disse ele.
__
Não posso ficar bêbado, não agora porque estou em choque, não vou me tornar o
meu pai, não posso.
__
Nico, você precisa se acalmar, beba isso.
Nico
bebeu o liquido que desceu pela sua garganta queimando. Ele colocou o copo
vazio em cima da mesa de jantar e encarou Ryan e se aproximou beijando-o.
Ryan
deu um passo para trás afastando-o.
__
Não – disse ele.
Nico
fez novamente, segurando firme em sua cintura...
Ryan
pensou inúmeras vezes em não ceder, mas quando viu já estava entre a parede e
Nico.
O
beijo não era apenas um fato curioso como da última vez, Nico realmente queria
aquilo. Ele queria sentir aquilo e que estava sentindo. Ele beijou o pescoço de
Ryan e puxou sua camiseta para cima tirando-a. Depois tirou a dele sentindo
cada centímetro de pele possível.
__
Não – disse Ryan se esquivando para o lado.
Nico
o encarou.
__
Desculpe-me – ele fechou os olhos como tivesse acabado de perceber o que estava
fazendo.
__ Eu
vou me casar – disse Ryan – sua namorada vai ter um filho – Ryan mordeu os
lábios – por mais que eu esperei por esse momento, Nico, eu não posso. Não
posso fazer isso comigo, o que vamos fazer? Brincar e depois fingir que nada
aconteceu? Vamos voltar para as nossas vidas como se nada tivesse acontecido.
__ Me
perdoe – disse Nico.
__
Prefiro parar agora então, do que deixar acontecer e depois me arrepender de
ter cedido tanto por nada.
Ryan
se baixou e pegou sua camiseta que estava no chão próximo de seus pés.
Ele a
vestiu e olhou para Nico com um sorriso no rosto mesmo que sua verdadeira
vontade era de chorar.
__ Eu
vou ir embora...
__ Eu
te levo – Disse Nico segurando em seu braço.
__
Não, Nícolas, eu preciso pensar, esvaziar a mente, mas obrigado pelo convite.
Ryan
abriu a porta e saiu da casa, ele caminhou pela grama e seguiu o caminho em
direção a sua casa que não ficava muito longe dali em dias normais.
Mas
naquele dia, sua casa perecia mais distante do que nunca, e mesmo que ele
corresse mais rápido era como se nunca chegasse. Ryan estava chorando, ele
chorava enquanto corria, ele chorava por saber que mesmo que ele quisesse tudo
aqui, mesmo que ele deixasse tudo acontecer ele sabia o que viria depois. Ele
se arrependeria com toda sua força.
Seu
smartphone começou a tocar no bolso da calça ele parou de correr e o pegou leu
a mensagem.
STEFAN
– AINDA QUERO TE VER, POSSO IR NA SUA CASA?
Ryan
limpo o rosto com o peito da mão e respondeu.
RYAN
– VOU DORMIR AGORA, AMANHÃ TE VEJO NA SUA CASA.
Ryan
tentou dormir durante a noite toda, ele virou de um lado para o outro na cama,
levantou inúmeras vezes para tomar água, mas sempre acabava deitado na cama
abraçado ao travesseiro lembrando do toque de Nico. Ele passou a ponta dos
dedos nos lábios lembrando-se do beijo de Nico, ele queria esquecer, ele tentou
esquecer tudo aquilo. Mas era como se ainda sentisse Nico beijando-o, como se
ele estivesse deitado na cama com o amigo.
Ryan
virou para o outro lado e encarou o relógio digital em cima do criado-mudo, era
quase cinco horas da manhã. Ryan levantou-se, acendeu a luz do quarto e se
enrolou no roupão de inverno azul que estava pendurado no mancebo de madeira no
canto do quarto, ele calçou o par de pantufas e saiu do quarto fazendo o mínimo
barulho com a porta. Passou pelo quarto dos pais que dormiam e desceu os
degraus da escada silenciosamente.
Ele
devia ter ficado na sala lendo um livro ou assistindo a algum seriado, já que
sabia que não iria dormir, não tão cedo.
Ryan passou
pela sala e seguiu até a cozinha indo direto ao bebedouro em cima do armário.
Ele colocou o copo e apertou o botão enchendo o copo de água.
Ryan
encarou a janela e seu coração disparou. Nico o encarava do lado de fora com os
braços abraçando o próprio corpo.
Ele
estava com a mesma camiseta preta de antes, mas Ryan tinha certeza de que
estava muito frio para sair de casa sem um agasalho naquela madrugada.
Ele
andou apressadamente até a porta na sala e a abriu. Nico estava lá encarando-o
com o rosto tremulo e molhado. Sua pele estava em um tom claro de roxo, Ryan o
puxou para dentro fechando a porta atrás de si.
__ O
que está fazendo aqui a está hora, Nícolas? – Ele estava furioso, mas conseguiu
controlar a fala baixa.
Nico
não respondeu. Seus braços ainda estavam envoltos de seu corpo magrelo. Nico
era o tipo de garoto sem nenhum atrativo no corpo, ele era magrelo e alto. As pernas
finas e braços cumpridos. Seus olhos eram verdes e os lábios pequenos
avermelhados.
__ Há
quanto tempo está lá fora, Nícolas?
__ Eu
não sei, desde a última vez que você se levantou, eu acho – Nico disse,
finalmente.
Ryan
olhou para o relógio no alto da parede, era quase hora de seu pai se levantar.
Ele grudou seus dedos finos no braço de Nico e o puxou escada acima.
Ryan
o puxou para dentro do quarto e fechou a porta jogando-o na cama.
Ele
deu a volta e o cobriu com seu cobertor.
__ Eu
não estava conseguindo dormir. Eu juro Ryan que eu não queria que tudo aquilo
terminasse daquele jeito. Eu juro...
__ Eu
sei, e ainda sinto o gosto do Whisky que estava na sua boca – ele falou baixo
sentando nos pés da cama – também não consegui dormir.
__ Eu
não sei o que estava na minha cabeça, eu realmente sinto muito por ter feito
isso com você.
Nico
se endireitou na cama deitando debaixo do cobertor. Ryan sorriu, ele estava
apreensivo com os últimos acontecimentos, ele deslizou na cama e deitou ao lado
de Nico puxando um pouco do cobertor para se cobrir.
__
Posso ficar um pouco aqui com você?
__
Sabe muito bem que não vou deixar você ir lá fora neste frio.
Nico
sorriu encarando os olhos de Ryan que assentiu. Nico se aproximou um pouco mais
de Nico e o abraçou fechando os olhos.
Como
todos os anos anteriores Stefan sempre acertou nas festas de pré-baile, e como
aquela seria sua última festa do ensino médio, ele tinha de acertar como
sempre, por isso a escolha do tema de praia. Havia dois caminhões estacionados
nos fundos da mansão. O bar estava com enfeites havaianos e havia coqueiro
espalhados pela areia que ele mandou espalhar pelo espaço. Balões flutuavam e a
música soava alto no equipamento que o DJ contratado estava testando.
Stefan
olhou no visor de seu smartphone e sorriu, estava quase na hora. E 99% das
coisas estavam em seus devidos lugares. O buffet contratado estava a postos
quando ele olhou em direção a cozinha montada no lugar da churrascaria externa.
Os
garotos do time da escola foram os primeiros a chegaram, eles usavam roupas
iguais a de Stefan, bermudas curtas azuis e camisa regata branca e chinelos.
Depois
deles se cumprimentares com toques e apertos estranhos de mãos foram para o
espaço reservado para jogar vôlei de praia.
Um
dos empregados de Stefan começou a espalhar bolas grandes e coloridas pela
areia terminando a decoração.
Stefan
olhou em direção a entrada da festa sinalizada por um arco de flores coloridas
e viu Ryan entrando ao lado de Nico. Ele se aproximou de Ryan e colocou um
colar havaiano de penas e flores em seu pescoço.
Ryan
usava uma bermuda pouco curta branca e uma camiseta regata da mesma cor e Nico
uma bermuda na altura dos joelhos amarela e uma camiseta branca.
__
Aloha – disse Stefan sorridente.
Ryan
sorriu e repetiu a palavra beijando-o.
__
Nicolas, pegue seu colar lá no bar – Nico se afastou caminhando até o bar –
Espero que debaixo dessa roupa tenha uma sunga branca – Stefan puxou Ryan beijando-o
novamente.
__
Comporte-se – ele olhou para os garotos do time jogando vôlei – nossa ele tem
que estar vestidos de Stefan até fora da escola.
__ É
o meu legado amor – Stefan sorriu – isso é porque sou o capitão do time.
Nico
se aproximou com um colar havaiano no pescoço.
__
Ficou uma graça em você – caçoou Ryan – combina com seus olhos - o calar era de
flores azuis e verdes - Vou deixar o anfitrião falar com os convidados, vamos
Nico tomar um sol.
Ryan
puxou Nico para fora da área coberta e caminhou até as cadeiras dispostas do
outro lado da piscina.
Fernanda
chegou junto a Kler, ambas usavam apenas a parte de cima do biquíni e um short
jeans curto.
Elas cumprimentaram
Stefan e foram dançantes em direção a piscina.
__ Aí
estão vocês - disse Fernanda sentando na mesma cadeira de Nico que recolheu as
pernas para o lada dano espaço para ela.
__
Chegando juntas? – Começou Ryan – Kler por acaso faz pacto com o diabo?
__
Ainda não – respondeu Kler.
Fernanda
lançou um olhar para Ryan como se fosse queima-lo com os olhos.
__
Liguei um monte de vezes no seu celular, o que aconteceu? – Perguntou Fernanda.
Stefan
se aproximou e deu um drinque vermelho para Ryan.
__
Não conseguiu ficar longe – ele disse dando um gole.
__
Esqueci ele em casa – respondeu Nico.
__ A
noite toda?
__
Estava com Ryan, nossa você não consegue me deixar em paz até na hora de
dormir.
Nico
se levantou e se afastou furioso sem olhar para Fernanda.
Stefan
olhou para Ryan que abaixou a cabeça revirando os olhos para Fernanda.
__
Vou dormir agora? Te vejo na sua casa? – Disse Stefan, ele colou o drinque dele
na mesa entre as cadeiras de praia – Acho que você estava ocupado demais para
transar comigo ontem.
Ele
se afastou entrando dentro da mansão.
__
Muito obrigado, Fernanda – Ryan levantou-se encarando Fernanda – é melhor você se
afastar dessa vaca possessiva, Kler. Ela nunca está feliz sem conseguir
estragar a felicidade dos outros.
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