POR DENTRO - Pegos em Flagrante (Parte 1)
(Parte 1)
__ Eu
vou matar ele, porra – disse Stefan jogando um vaso contra a porta na casa da
piscina.
Ele
estava cercado pelos garotos do time, a festa havia sido interrompida e todos
já tinham ido embora. Stefan teve que mentir para os pais falando que uma festa
que duraria até o dia seguinte teve de acabar cedo por conta do baile de
formatura.
__
Stefan, você não pode simplesmente atacar ele assim. Você precisa se controlar
– disse Jean, o atacante do time – vamos pegar ele depois do baile.
Stefan
olhou furioso na direção de Jean, o garoto dos olhos verdes e gargalhou alto e
sem escrúpulos.
__
Você usou a nossa mercadoria, Jean. Caralho – ele se aproximou do garoto de
dois metros e bateu no peito dele com a palma da mão com força – idiota. Você
acha mesmo que ele vai ir ao baile.
Jean
deu um passo para trás balançando a cabeça em negação, ele deu a volta no sofá
branco de cabeça baixa enquanto o resto do time o encarava com as sobrancelhas
arqueadas, apenas atentos a qualquer movimento.
Jean
parou repentinamente seus passos e encarou Stefan cerrando os olhos. Ele
assentiu como se estivesse concordando com os pensamentos de Stefan.
__
Seria justo – disse ele – ele te traiu com aquele filho da puta. Pegamos Ryan e
Nicolas vem até nós.
Stefan
ficou encarando Jean por alguns segundos. Ele pensou bem, ele era o chefe e os
outros eram apenas seus comparsas dispostos a fazer qualquer coisa para agradar
a ele. E eles fariam isso. Eles estavam dispostos a sequestrar Ryan para atrair
Nicolas, uma emboscada perfeita e bem tramada. Não que já não tivessem pensado
isso.
__
Quero todos vocês no baile amanhã – começou Stefan olhando os olhos de todos
que estavam na sala – o tema é baile de máscaras, mas não vamos seguir a
tradição de ir todos iguais. Usaremos mascaras diferentes – Stefan sorriu e
continuou passando seu plano para a equipe que escutou a tudo com completa
atenção.
__
Bom dia, dorminhoco – Nico estava ao lado da cama de Ryan ajoelhado encarando-o
ao abrir os olhos – sua mãe me deixou subir.
Ryan
sorriu e se sentou na cama se cobrindo com a coberta. Ele estava sem camisa e o
rosto amassado. Ele não dormiu muito, ficou acordado até aonde conseguiu
encarando o teto, o sono lhe bateu forte e acabou dormindo pouco antes do sol
nascer.
Os
acontecimentos não favoreceram seus pensamentos.
Nico
olhou para a aliança em cima do criado-mudo do lado da cama.
__ O
que está fazendo aqui? Parece que se esqueceu do que aconteceu ontem – disse
Ryan piscando os olhos rápido para recuperar a lucidez.
__
Como se esquece que espancou o namorado do seu melhor amigo? – Nicolas deu uma
breve risada – Acho que não tem como.
__
Como foi com a Fernanda?
__
Que horas chegou em casa ontem?
__
Não me responda com uma outra pergunta – Ryan sorriu.
__
Terminamos – ele mordeu o lábio e Ryan tentou segurar o sorriso, mas não foi o
suficiente – mas prometi a ela que iriamos juntos ao baile de hoje.
__ Eu
não sei se vou, ficarei sozinho – Ryan se jogou para trás caído sobre o
travesseiro – eu nem acredito que organizei o baile da minha vida e não vou só
para não ficar sozinho.
__ Já
cuidei disso – Nico levantou e o encarou – você vai com a Kler, ela também não
tinha par, a ideia foi dela.
__
Passei o ensino médio todo sendo o maior gay da escola e vou para o baile como
hétero.
Fernanda
olhou seu reflexo no espelho, ele estava linda com o cabelo preso em um coque o
rosto com uma maquiagem simples e um vestido azul longo colado ao corpo cheio
de curvas.
Ela
olhou para a janela e viu que já estava escuro. A noite chegou tão rápido que
ela não percebeu por ter passado o dia todo na cama. Ela podia estar sorrindo
encarando o próprio reflexo enquanto mentia para si mesma sobre estar feliz,
mas ela sabia que tudo não passava de uma mera mentira. Fernanda ainda estava
abalada com o termino de seu relacionamento e ainda sentia que havia alguma
forma de reverter isso.
Então
ela bolou um plano, que com toda certeza daria certo.
Ela
olhou para seu smartphone e viu a tela brilhar com o chamar de uma chamada de vídeo.
Ela o pegou e deslizou o dedo ativando o MOgy.
__
Fernanda – Josias disse caminhando na rua – hoje é o seu baile?
__
Sim, por que está me ligando? – Ela perguntou pegando a bolsa no mesmo tom do
vestido de cima da cama.
__ Só
queria escutar a sua voz – ela fez uma pausa e parou de caminhar ofegante – vou
fazer uma coisa e espero que isso não estrague a sua noite, eu te amo, Fernanda,
amo você e o nosso filho – ele desligou a chamada de vídeo e Fernanda guardou o
smartphone dentro da pequena bolsa.
Ela
saiu do quarto e desceu a escada às pressas segurando o vestido de forma que a
deixasse mais confortável para fazer aquilo.
Nico
estava parado a porta, ainda com a mão na maçaneta. Ela sorriu para ele e ele
retribuiu simpático.
__
Você está linda, Fernanda – ele disse.
Nico
usava um fraque preto ajustado a cintura e segurava sua marcara como a de Zorro
na ponta dos dedos. Ele levou a mascara até os olhos e sorriu usando-a.
__
Acho que fico mais bonito assim – ela sorriu – vamos?
__
Espero que não fiquemos estranhos durante a noite – começou Fernanda – somos
amigos?
__ Eu
não sei, Fernanda. Só quero ir para o baile de formatura e me divertir, os
rótulos deixaremos para depois que alguém envenenar o ponche da Senhora
Obraian.
__
Por que deveria acreditar que está tudo bem quando não está, Kler – gritou Ryan
de dentro da carro estacionado na frente da escola.
__
Acalme-se – Kler olhou para o grupo de alunos que passaram na frente do carro –
tenho certeza de que está tudo lindo, mesmo que sem as máscaras de três metros
de papel machê.
Ele
olhou para Kler furioso.
__
Nem me lembre – Ryan olhou para frente e viu Fernanda e Nico chegando juntos ao
baile, eles usavam máscaras parecidas e estavam sorridentes - Não sei por que
ele é tão bom com ela – disse Ryan observando os dois entrarem na escola.
__
Fernanda disse que eles terminaram e que iriam juntos apenas como amigos – Kler
respirou fundo punindo-se antes mesmo de dizer – ela está gravida eu não a
culpo de tentar.
__
Convenhamos que Nico nem é mesmo o pai desta criança.
__ Eu
sei que ele não é – disse Kler que rapidamente foi encarada por Ryan e seus
olhos curiosos – ela quem me contou. Não devíamos ficar aqui, vamos entrar.
Kler
levou a mão até o trinco da porta, mas Ryan se esticou e a puxou de volta
reprimindo-a.
__
Não mesmo, me conte o que sabe – ele ordenou parando a mão na cintura como
sempre faz quando está em pé.
__ O
nome dele é Josias e ela trai Nico com ele há uns quatro meses, serio você não
pode contar nada para o Nico ele ficaria arrasado.
__
Fique tranquila, não vou jogar essa informação no ventilador, mas também não
quer dizer que concordo em não contar.
Ryan
abriu a porta do carro e saiu fechando-a. Kler fez o mesmo e se aproximou dele
entrelaçando seus braços ao dele.
__
Prometa que ficará comportado durante essa noite.
__
Olha garota, vir ao baile de formatura com você já é demais para mim. Não me
faça prometer nada.
Ryan
passou primeiro pelo corredor pisando devagar no tapete vermelho que se
estendia até a entrada oficial do baile. Havia candelabros presos as paredes e
os armários estava coberto com cortinas vermelhas como em grandes janelas de um
palácio.
__
Devo agradecer ao alunos do primeiro ano pelo trabalho árduo – ele reconheceu.
__
Faça isso – Kler sorriu olhando para ele que andava com as costas retas como um
rei – não ficou tão ruim.
__
Calada.
A
porta dupla se abriu e a corneta soou alto anunciando a entrada do casal.
__ Sor.
Ryan e Lady Kler – anunciou o jovem vestido de lacaio.
O
salão estava como em um conto de fadas, havia uma mesa com um banquete servido
no centro de tudo. Outras se espalhavam ao redor da pista de dança.
Alguns
lustres desciam do teto deixando tudo um pouco mais elegante e extravagante,
logo na entrada um painel com fotos de todos os alunos juntos fazia um H como
feito de pequenos recortes. O som estava baixo e tocava uma valsa calma.
Ryan
olhou para trás e viu Stefan que sorriu para ele dando uma rápida piscadela.
__
Sor. Stefan – anunciou o lacaio que continuava a anunciar o restante do time
que entrava junto a Stefan.
__ Se
quiser podemos ir até o ponche – disse Kler tentando puxar Ryan que ficou
paralisado.
Stefan
se aproximou lentamente encarando-o nos olhos.
__
Espero que esteja tudo bem conosco – ele começou – Kler você...
__
Claro – disse Kler se afastando.
__
Você escondeu muito bem o olho roxo com maquiagem – Ryan disse forçando um
sorriso sem jeito.
__
Não vamos entrar neste assunto – Stefan sorriu – você está lindo neste fraque,
anseio pelo momento que terei o prazer de ter uma dança com você – Stefan fez
silencio – essa música combina com o que estou sentindo agora, por que tenho um
fetiche em amar você.
__
Talvez não devesse, Stefan – Ryan o ignorou deixando-o falar sozinho e seguiu
até a mesa do ponche aonde tinha certeza de que encontraria Kler se servindo.
A
música aumentou o volume e isso significava que estavam todos ali.
Ryan
não deixou de conversar com ninguém, estava sempre com um sorriso no rosto e
carismático mesmo que quando ele passasse os alunos falassem do termino com
Stefan.
Nico
se aproximou de Ryan que estava sentado em uma mesa perto do palco aonde o DJ
pulava com a batida da música.
__
Ficou tudo perfeito – disse Nico sentando ao lado de Ryan – você sempre soube
como deixar todos impressionados.
__
Por favor, me lembre de agradecer aos meninos do primeiro ano, eles fizeram
tudo isso e não eu – Ryan respondeu em voz alta para ser ouvido – aonde está a
Fernanda?
__
Foi no banheiro assim que viu Kler sozinha – ele fez uma pausa – é estranho ver
as duas amigas.
__
Imagina para mim.
A música
eletrônica mudou para um ritmo mais lento.
__
Vamos dançar – disse Nico estendendo a mão para Ryan.
__
Ofereça uma dança para uma das Lady que estão sentadas na arquibancada, Sor.
Nicolas – Ryan sorriu.
__
Soa meio estranho, mas sinto vontade de dançar com um outro Sor. Então, Sor.
Ryan, você quer dançar comigo?
Ryan
se levantou segurando a mão de Nico.
__
Não faça galanteios, adoraria, estava só a espera de um mero cavaleiro aparecer
– ele sorriu e puxou Nico para o centro da pista de dança.
Ryan
segurou a mão esquerda de Nico com uma mão e a outra colocou em sua cintura,
Nico fez o mesmo meio sem jeito.
O som
da sirene ofuscou a melodia lenta e quando as luzes do salão do baile se
acenderam Ryan olhou atentamente para a saída de emergência encarando os três
policiais que seguravam armas em sua mão e falavam para que todos ficassem
calmos.
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