Amante (Rafaela Medalaio)
Como eu conheci Leandro? A resposta é simples.
Fazia alguns dias que havia voltado de Nova York, estava com o meu
filho em um supermercado quando o vi pela primeira vez, ele estava olhando
dentro da geladeira de sorvetes, me olhou com o canto dos olhos e sorriu. Fingi
não ter visto aquele sorriso, meu filho abriu uma das portas e pegou seu
sorvete favorito.
“Esse é o meu favorito”, disse Leandro olhando para o meu filho que me
entregou o sorvete, “seu irmão tem um bom gosto”.
Ele sorriu e se aproximou um pouco mais.
“Ele é meu filho”, ele franziu o cenho espantado e deu uma breve
risada.
“Não parece ser seu filho”.
Sorri com educação e comecei a caminhar.
“James”, chamei meu filho para que me acompanhasse, a pequenino correu
segurou na minha cintura.
Andei uns dois corredores e dei de cara com Leandro novamente como se
ele tivesse feito o melhor para me alcançar.
“Você é muito linda”, ele sorriu com seus lábios rosados, “eu não sou
de gostar tanto de uma mulher como gostei de você assim que vi”.
“Sou madura o suficiente para reconhecer um galinha”.
Não demorou duas horas e estava transando com ele em um quarto de
hotel. Precisei contratar uma baba para ficar com o meu filho. Meu marido estava
viajando e para muito longe.
Era para ser aquela a única vez, não vou mentir já o trai outras
vezes. Mas nunca durou por tanto tempo.
Nosso encontros se tornaram frequentes e ele dizia coisas lindas, ele
sabia manipular uma mulher. E tenho certeza de que quem fez isso com ele tinha
o porquê de estar fazendo.
__ Então você aprova ele ter sido assassinado?
__ De forma alguma, no fundo, antes de saber que ele também saia com
outras mulheres, eu gostei dele. Eu passei a gostar dele.
Ele estava deitado do meu lado da cama, estávamos nus, ele virou e me
olhou suado. Ele se ajoelhou na cama e me beijou no pescoço.
“O que é isso que estamos fazendo”, perguntei.
“Eu gosto de você”, ele me fez olhar para ele, “mas não podemos ficar
fazendo isso enquanto é casada, não sei o que ele te fez para te desencorajar
no seu relacionamento, mas não me sinto bem quando estamos aqui e ele lá
esperando por você”.
Fiquei de boca aberta, ele sempre soube do meu casamento, e Frederick
não estava mesmo me deixando feliz. Ele chegava tarde de reuniões na empresa,
viajava demais. Acho que ele também me traia.
Cheguei em casa e ele havia preparado o jantar, James estava tomado
banho e pronto para se sentar à mesa.
Contei sobre o Leandro, disse que se encontrava com ele todas as
semanas há dois meses, ele não disse nada, não falou nada sobre o assunto.
Dormimos na mesma cama, mas durante a noite ele se levantou e ficou uns dez
minutos no celular. Voltou para a cama, passou o braço por cima do meu corpo e dormiu.
Era quinta feira, 29 de abril de 2010, levei meu filho a escola e fiz
duas horas na academia. Frederick não atendeu ao telefone nas treze vezes que
liguei para ele...
__ Você acha que ele matou o seu amante? – Perguntou Isabela
interrompendo a testemunha.
__ Frederick não seria capaz de matar Leandro. Quando cheguei no
apartamento foi a primeira coisa que pensei, mas me lembrei de que meu marido
tinha uma conferência durante o dia. Ele viajou para a Índia e voltará somente
daqui dois dias.
Assim que desisti de entrar em contato com ele entrei no café da
academia e Leandro segurou em meu braço. Ele me deu um beijo me surpreendendo.
“Desculpas, não devia ter feito isso”, disse ele muito feliz, “não
sabia que você frequentava essa academia”.
“Nem eu que você frequentava”, sorri e o beijei, “eles não sabem que
sou casada”.
Tomamos um café juntos e foi neste momento que ele me chamou para ir
no seu apartamento a noite.
Nós transamos e eu entrei no banho, estava cantarolando quando ouvi
algumas coisas quebrando. Fiquei em silencio, me vesti rapidamente, por isso
meu cabelo estava molhado. Sai para fora e o vi no chão da cozinha com um
buraco na cabeça. O chão estava ensopado de sangue. Comecei chorar.
__ Eu fui a primeira a ver que ele estava morto, não ouvi barulho de
tiro, não escutei nada somente os vidros quebrar no chão.
__ Eu atendi o chamado – disse Deston encostado na mesa – você estava
desesperada quando ligou, descreveu o local do tiro e verificou o pulso.
__ Isso não a tira da lista de suspeita – sugeriu Isabela com um
sorriso sarcástico no rosto.
__ Por que o mataria, não tinha motivos para isso, meu marido sabia do
nosso caso, ele sabia do meu casamento. Se ele tinha outras duas, por que não
teria outras três.
Eles se entre olharam.
__ Você está liberada, Rafaela – disse Isabela – qualquer mudança na
sua situação informaremos.
Rafaela se levantou e encarou Isabela que não tirava o sorriso sarcástico
do rosto e saiu.
__ Tenho uma teoria – sugeriu Isabela apoiando as mãos sobre a mesa de
alumínio, os três homens bem vestidos olhou para ela lhe dando atenção –
acredito que tenha sido um crime passional. O marido dela pode ter seguindo-a
ou mandado seguir Leandro depois que viu a esposa na academia beijando-o.
__ Ele está na Índia, já chequei isso – disse Jhonny revirando os
olhos – Deston, eu acho tem uma outra mulher...
__ Não, ele não teria como encaixar...
__ Essa é a minha teoria também – disse Tavares interrompendo Isabela –
Ele era completamente sigiloso, nenhuma delas falaram sobre fatos de sua vida
pessoal, elas não sabem o sobrenome, a cidade natal, idade dele. Ele foi
genuinamente cuidadoso com suas informações pessoais.
Isabela começou a andar de um lado para o outro na sala de interrogatório,
ela estava nervosa e há cada minuto secava o suor de sua testa.
__ Ele não tem outra mulher, eu mesma chequei as imagens da câmera. Ninguém
entrou ou saiu do quarto antes dele. Tenho certeza de que não deixei ninguém escapar.
Ela parou e olhou para Tavares que estava com o cenho franzido olhando
para ela.
__ Vou verificar novamente as imagens das câmeras – disse Jhonny com a
mão na maçaneta da porta.
Isabela deu um passo apressado a sua frente e abriu a porta.
__ Eu faço isso – disse ela olhando nos olhos dele.
Tavares se aproximou e segurou a mão de Isabela que estavam geladas,
ela puxou sua mão de volta.
__ Estou com fome, vou verificar as imagens e aproveitar para comer
alguma coisa.
Tavares assentiu com a cabeça e enquanto ela saia da sala ele a
observava indo para a sala de arquivos. Ele fechou a porta e olhou para seus
companheiros.
__ Verifique a história da Roberta, Jhonny e Deston quero que vá a
casa da Leticia, ela disse ter chegado depois de tudo. Então ela foi a última a
chegar a cena do crime. Quero saber por que ela foi agredida. Eu vou acompanhar
o trabalho de Isabela, parece que ela não está bem.
Jhonny estacionou o carro na frente do prédio aonde Roberta Leon
morava, um ambulância e um carro de polícia estacionou atrás dele.
Ele desceu do carro prateado e parou um policial.
__ Qual foi o chamado? – Perguntou ele mostrando seu distintivo.
__ Uma mulher se jogou do telhado...
Isabela entrou na sala de arquivos e inseriu um pendrive ao
computador, ela carregou um arquivo e tirou o pendrive. Ela se sentou e começou
a assistir o vídeo.
Tavares entrou na sala sem bater e a viu vasculhando as imagens.
__ Tavares, acho que encontrei uma coisa – disse ela fazendo-o olhar
para a tela.
As imagens mostrava Roberta entrando no apartamento as 20:57 e saindo
dois minutos depois. Logo depois mostrava Leticia entrando atrás dela as 21:05
Roberta novamente.
__ Roberta Leon, mentiu sobre estar com ele quando aconteceu, ela
mentiu sobre estar se escondendo da mulher que entrou atirando. Segundo o
legista a hora da morte teria sido ente as vinte e vinte uma horas e então
Roberta entrou no apartamento duas vezes.
__ Como não tinha visto isso antes? – Perguntou Tavares.
__ Me desculpe, uma hora antes do acontecido mostra a casada entrando
no apartamento.
Tavares pegou o celular e ligou para Jhonny que atendeu a ligação
imediatamente.
__ Jhonny, preciso que traga Roberta Leon com você, temos provas de
que esteve na cena do crime duas vezes na mesma noite.
“Sobre isso Tavares, acho que vai ser meio difícil leva-la até a
delegacia, o legista está levando-a agora”.
__ Como?
“Ao que parece ela se jogou do telhado do prédio”.
Eu até tinha as minhas dúvidas, mas ainda acho que pode ter sido a Roberta mesmo ou até o tal de Dimdim
ResponderExcluirNem eu que sou bobinha contaria ao meu marido que estou traindo ele, certeza que ele me mataria e deixaria o outro vivo ja que a mulher casada sou eu.
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