Culpada (A Outra) Parte II

29 de Abril de 2010

Tavares acordou o celular tocando no criado-mudo, ele olhou na tela e era uma ligação de Isabela.
__ Isabela?
“Tavares, desculpe incomoda-lo, eu sei que já passou das onze e você com certeza estava dormindo”.
__ Diga Isabela, o que aconteceu?
“Eu preciso da sua ajuda, eu fiz uma coisa, você pode me encontrar?”.
__ Venha até a minha casa tomar um café.

Tavares virou o bule de café na xicara despejando o liquido quente enquanto Isabela o observava com as mãos tremulas sob a mesa de vidro. Ela olhou para a janela e a lua parecia mais perto daquele apartamento. Isabela já estivera ali em outras ocasiões melhores do que essa, mas o que ela estava fazendo era necessário para obter a ajuda de um amigo.
__ Por que está tão aflita? - Perguntou Tavares sentando-se na cadeira de frente a Isabela.
__ tenho que te contar uma história – começou Isabela e Tavares franziu o cenho – mas você tem que me prometer que vai me ouvir e me entender.
__ Eu prometo.

Aconteceu na noite do acidente, depois de ter bebido em uma taberna nos limites do norte de Louisiana, o carro capotou, é difícil contar quantas vezes você gira no ar estando dentro do carro, não sofri lesões graves, o sinto de segurança me poupou disso, mas senti que poderia ter morrido. Você foi o primeiro a ir me visitar no hospital. Quando sai de lá fiz alguns acompanhamentos com o psicólogo daqui, a caminhada entre a minha casa até aqui é longa e leva em torno de uns trinta minutos, foi nesse trajeto que conheci um homem, ele fazia o mesmo trajeto para o trabalho.
“Oi, está uma bela manhã hoje”.
“Sim”, disse olhando para o seu sorriso.
“Meu nome é Leandro, e o seu?”.
Ele me disse que era um advogado a favor do meio ambiente, disse que preferia caminhar do que andar de carro. Ele era doce e gentil.
Ele era uma mistura de filme de comedia romântica com você. Ele sabia o que falar. Ele era especial. Pelo menos para mim.
Ele me chamou para ir a um jantar depois de duas semanas. O jantar aconteceria na casa de seus pais, eles não pouparam recursos para me conhecer.
A mesa estava repleta farta, eles me receberam como quem me conhecia a anos. Eles eram amorosos.
Durante o jantar os pais de Leandro me contavam coisas sobre a sua infância e como o garoto de dez anos conseguiu chegar até Nova York sozinho. Em um ponto da conversa Leandro ficou quieto e calado, apenas ouvindo.
Ele me levou para casa com seu carro, ele disse que mesmo que fosse a favor do meio ambiente não poderia cavalgar até sua casa.
Os dias faram passando e me sentia cada vez mais próxima a ele, foi quando lhe pedi para voltar, você me deu um caso para voltar ao trabalho. Um dos casos me levou até o centro eu o vi beijando uma mulher próximo a um carrinho de café.
Aquilo fez com que um ódio tomasse minha mente. Eu fiquei observando-o enquanto conversava com a mulher que acabara de sair da academia. Ele se afastou e eu a segui. Ela não morava muito longe do centro, ela morava em uma bela casa fiquei de tocaia na frente da casa dela. Estava cansada de ter ficado o dia todo dentro do carro olhando pela janela esperando ela sair ou qualquer coisa que ela fizesse. Queria conversar com ela.
E quando estava quase pegando no sono o portão da garagem se abriu e um carro saiu de dentro da casa. Eu a reconheci de longe antes de fechar o vidro e seguir para o leste.
Acelerei o carro para segui-la. Ela estacionou na frente do prédio aonde Leandro morava eu a vi siar do carro e entrar no prédio. Fiquei um tempo dentro do carro esperando que ela descesse, ou que alguma coisa acontecesse.
Desci do carro e aproveitei que o porteiro estava ocupado e passei por ele sem o pobre homem perceber. Apertei o número do andar e a partir deste momento meu coração começou a querer saltar do meu peito.
A porta se abriu e dei uma passo à frente no corredor. Olhei para os lados, já estive ali algumas vezes, ele me disse uma vez que sempre haveria uma chave debaixo do capacho, ele estava certo, algo ali não era uma mentira. Pequei a chave e a girei na fechadura abrindo a porta. Ouvi a voz da mulher vindo do quarto e depois ouvi a porta do quarto se abrir. Fechei a porta atrás de mim.
Leandro parou entre o estreito corredor e a cozinha. Ele me olhou assustado com os olhos atentos na minha mão esquerda que segurava um revolver.
“O que faz aqui, meu amor”, disse ele com receio de dar uma posso para trás e correr.
“Eu a vi, eu sei de tudo”, talvez não soubesse de tudo, mas o importante é que eu sabia exatamente o porquê dela estar tomando um banho, “se eu não era o suficiente você podia ter dito”.
“Eu sinto muito”.
“Não sinta”.
Ele deu uma passo a frente, sua coragem de certa forma me apunhalava com um punhal em meu peito. Ele estava próximo de mais... demais.
“Me perdoe”, disse ele tentando tocar a ponta de seus dedos na minha mão não ocupada, “eu sei que você não quer fazer isso” ...
Sim eu queria, queria machuca-lo de qualquer forma que fosse, queria vê-lo chorar e implorar por sua vida.
Levantei a mão e o empurrei. Ele gritou me chamando de vadia louca. Dei uma coronhada na cabeça dele e ele caiu no chão. Mas ainda assim me olhava no fundo dos olhos como se não tivesse coragem de...
Sem pensar mirei o revolver na cabeça dele e apartei o gatilho. Eu vi seus olhos tremerem com o impacto da bala em sua cabeça. Fechei os olhos e o deixei sangrar com a cabeça próxima a geladeira. Sai e deixei a porta entre aberta.
Ouvi o barulho do elevador e só deu tempo de correr e dobrar o corredor. Uma outra mulher vestida como uma prostituta saiu dele, ela estava bem maquiada e seu cabelo era vermelho como o sangue que vi escorrer do buraco da cabeça de Leandro. Ela entrou no apartamento. Eu a ouvi a primeira mulher gritar, aquela que já estava lá dentro com ele, nos braços dele. Pude sentir seu desespero. Depois quando estava prestes a ir em direção ao elevador a porta se abriu novamente corri e uma mulher entrou no apartamento. Corri antes que aparecesse mais alguém.

__ Eu sei que você pode me ajudar, diga que sim Tavares – insistiu Isabela segurando a xicara com as mãos tremulas.
__ E como acha que posso te ajudar? Não posso fazer isso Isabela, estaria indo contra tudo o que eu acredito.
__ Eu juro que se me ajudar... vejamos Tavares temos três suspeitas, vamos achar uma forma de culpar uma delas.
__ Se eu assumir o caso, não a quero envolvida.
__ Então vai me ajudar? – Perguntou Isabela colocando a xicara sobre a mesa.
__ Se... Faça a essas horas o polícia já está a caminho do apartamento. Vou entrar em contato com a delegacia e ver com Deston se ele tem alguma coisa, ele com certeza me falara sobre esse caso.
__ Serei grata a tudo isso...
__ Escute-me – disse ele interrompendo-a – Assim que tudo estiver resolvido, assim que fechar o caso eu não quero vê-la, vai sair d e Louisiana, e se alguma coisa der errado e não tiver como culpar nenhuma das outras três usarei todos os recursos para que você vá para atrás das grades.
Isabela o olhou por alguns segundos, ela não tinha mais a quem recorrer. Se fosse até Deston ele a prenderia mais rápido do que a velocidade da bala que atingiu a cabeça de Leandro e Jhonny não era tão confiável quanto ela queria.
Ela assentiu com a cabeça concordando com os termos.

03 de Maio de 2010


Comentários

  1. GSUS estou chocada com esse final nem tinha suspeitas de que Isabela era a verdadeira culpada. Só fiquei meio assim pq dla realmente saiu impune do crime

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