Culpada (A outra) - Parte I

Culpada

(A outra)

__ Estou a caminho – disse Tavares olhando para Isabela que tentava entender o que estava acontecendo.

Tavares abriu a porta e saiu, Isabela fez o mesmo seguindo-o até o lado de fora da Delegacia.

__ Me diga o que está acontecendo, Tavares – exigiu ela parando próximo a ele que já estava girando a chave na ignição do carro.

__ Você está fora do caso, Isabela. Eu não sei por que insiste em ficar a par das coisas relacionadas a esse assassinato, mas tenho que lhe avisar que eu sou muito mais esperto do que você.

Tavares ligou o carro e acelerou.

Isabela correu para dentro da delegacia e entrou na sala de Tavares.

Ela olhou dentro da gaveta de arquivos procurando pela pasta do caso intitulado como Amor Frágil, ela olhou todas as etiquetas e parou quando passou os olhos por cima da mesa de madeira e viu algumas imagens da cena do crime.

Ela se aproximou da mesa que estava no centro da sala. A imagem estava nítida e mostrava o corpo de Leandro no chão da cozinha, uma poça de sangue se esticava saindo de sua cabeça. Isabela fechou os olhou com a fotografia caindo de seus finos dedos. Por um pequeno momento sua mente projetou um som de uma risada constante, ela abriu os olhos tentando sair de certas lembranças.

Isabela pegou a subpasta intitulada de Leticia Siqueira e a abriu começando a ler o depoimento impresso em uma folha Branca, lhe custou pouco para entender que Leticia era apenas uma vítima dos acontecimentos.
__ Eu escolhi a pessoa certa.

Tavares bateu a porta do carro depois de ter estacionado na frente do endereço de Roberta que não ficava muito longe da Delegacia.

Jhonny se aproximou dele com um rosto pálido e lábios rígidos.

__ O legista disse que alguns dos ferimentos aconteceram antes dela cair do telhado, mas a causa da morte foi a queda. Entrei no apartamento e houve uma briga lá. Interroguei algumas das garotas que trabalhavam para ela e elas confirmaram que Dimdim jurou Roberta de morte várias vezes.

__ Tenho imagens que provam que Roberta entrou no apartamento enquanto a Amante estava lá dentro, Isabela disse que deixou passar, e mesmo que eu não acredite nela, temos que acreditar nas evidencias.

__ Por que não acredita nela, Isabela sempre foi integra a sua carreira, ela está passando por muitas coisas depois do acidente que sofreu.

__ Eu sei, ela insistiu para voltar a trabalhar, talvez seja só uma coisa minha.

__ Liguei para Deston e ele está a caminho da delegacia. Ele disse que Leticia tem quem confirme seu depoimento, começando com os vizinhos que já viram Leandro frequentar sua casa.

__ Vamos dizer que Roberta se matou depois que descobrirmos que sua história era uma mentira – disse Tavares para Jhonny e Deston em sua sala.

__ Ela era uma mulher forte, ela não se mataria, sabemos a verdade – disse Deston.

__ O caso está fechado Deston enviei os arquivos para a corregedoria. Eles entenderam que Roberta matou Leandro e que ela estava disposta a tudo por ela.

__ Tudo bem, se a corregedoria concordou não podemos voltar atrás e reinventar um caso – disse Deston olhando para Jhonny que se mantivera calado.

Deston e Jhonny saíram da sala e Tavares se sentou apoiando a cabeça nas mãos grandes.

Duas batidas na porta e ele levantou a cabeça olhando para Isabela que segurava seu uniforme nas mãos.

__ Obrigado – disse ela entrando, ela fechou a porta e se aproximou um pouco colocando seu uniforme sob a mesa – não queria que tivesse feito isso, mas agradeço pela sua proteção. Estou cumprindo com a minha palavra...

__ Eu também – ele a interrompeu – Fique fora durante um tempo, até aparecer um nova caso Isabela. Quando isso acontecer eles irão esquecer desse e você poderá voltar.

__ Eu entendo. Obrigado.

Isabela deu um breve sorriso mesmo sem estar feliz e saiu da sala de Tavares, ela caminhou pelo corredor até a saída sem olhar para trás ou se arrepender. Ela estava aflita, mas não arrependida.

29 de Abril de 2010

Tavares acordou com o celular tocando no criado-mudo, ele olhou na tela e era uma ligação de Isabela.

__ Isabela?

“Tavares, desculpe incomoda-lo, eu sei que já passou das onze e você com certeza estava dormindo”.

__ Diga Isabela, o que aconteceu?

“Eu preciso da sua ajuda, eu fiz uma coisa, você pode me encontrar?”.

__ Venha até a minha casa tomar um café.