TodoEu - Sinta


Sinta

O pior sentimento é se sentir abandonado, ás vezes me sinto assim, sem um caminho a seguir, sem um destino, mas quando eu o vi, não foi como se este sentimento estivesse dentro de mim.

Oito horas em ponto foi quando escutei Talita batendo como uma louca na porta, ela gritou do lado de fora, mas quando abri a porta balançando a chave do carro basicamente esfregando em seu rosto, ela parou de gritar me nome e sorriu surpresa por já estar pronto. Estava ótimo para uma festa, bem vestido parecendo um roqueiro. Esse era o meu estilo como o de um roqueiro usando jaqueta de couro preta um sapato de cano alto, uma calça jeans escura apertada e uma camiseta branca deixando a jaqueta por cima.
Entramos no carro que estava estacionado na frente de casa, Talita plugou seu pendrive no som e começou a tocar uma seleção de músicas, ela cantarolava loucamente quando acelerei o carro, depois quando estacionei no posto de gasolina os caras que estavam lá deram risada dela cantando Sirens de Cher Lloyd, o tanque cheio parti em direção a festa. Talita disse que era em um condomínio muito chique próximo ao limite da cidade, resmunguei algo sobre ser muito longe, mas ela ignorou enquanto cantava Really Don’t Care de Demi Lovato. Talita era uma louca pensando que sabia cantar, fiquei feliz quando encontrei o condomínio, duas ou três quadras a dentro vi alguns jovens com garrafas de cerveja nas mãos, Talita disse entre o que cantava em hebraico que era ali mesmo, no mesmo instante começou a subir uma fumaça do capo do carro, estacionei assim que encontrei uma vaga. Talita teclava algo no smartphone enquanto descia do carro aos prantos por causa da fumaça que começava a ficar cinzenta.
Olhei para Talita, ela estava beijando Ygor Oclen. Depois voltei a olhar o garoto de cabelo branco que observava enquanto eu tentava conter a fumaça que saia do carro. Ele deu um passo à frente como se soubesse realmente o que estava fazendo. Ele desencaixou uma tampa branca e dela saiu água borbulhante.
"Seu carro está sem água, por isso a fumaça".
Disse ele simplesmente, olhando nos meus olhos, gostaria de entender como um riquinho feito ele poderia entender algo sobre mecânica, mas deixei para lá. Queria ir embora para minha casa e descobrir uma forma de pedir o emprego para o dono da mercearia. Havia muitas coisas para pensar. Eu não tenho estudo extra. Não faço faculdade, não trabalho, apenas curto a vida com amigos que fazem a mesma coisa que eu. Nada.
"Obrigado", disse eu encarando-o.
"De partida, e veremos se é somente isso mesmo".
Entrei no carro e girei a chave ligando-o, funcionou, não é mesmo que aquele riquinho sabia do que estava falando.
Talita murmurou algo sobre o fato de eu ser um burro, Ygor Oclen também falou alguma coisa, mas não consegui ouvir nem mesmo ler teus lábios. O garoto de cabelo branco sorriu olhando para mim. Ele abriu a porta do carro e me puxou para fora fechando a porta numa batida forte.
"Então o que resta é curtir a festa", disse ele tão alegre que parecia assustador.
Ygor Oclen gritou atrás de mim, ele e Talita correram em direção a mansão entrando e se perdendo na fumaça.
"Samuel Tondick", disse o garoto de cabelo branco, ele conseguiu finalmente ganhar um nome.
Ele sorriu cabisbaixo, com certeza estava com vergonha de alguma coisa, só não sabia o porquê. Não havia motivos para ter vergonha de mim, na verdade sim, ele estava próximo demais agora.
"Leonardo Sulmen", disse virando para caminhar em direção à música de batidas pesadas, Work de Iggy Azalea, era possível ouvi-la de longe, mesmo ali no estacionamento.
Comecei a caminhar curtindo as batidas da música.
"Finalmente descobri o seu nome, tentei fotografar você, mas aquela sua amiga ela não gostou muito", ele disse seguindo-me até a porta, parei e o encarei com a fumaça e a música alta vindo de trás de mim, "você é lindo, quero dizer, você é ótimo".
Revirei os olhos.
"Não era bem isso, bom, aquelas fotos que tirei era para um trabalho do curso que estou fazendo, não é certo coloca-la em exposição sem a sua permissão".
"Não", disse interrompendo-o e entrei em meio a fumaça agora colorida pelas luzes dançantes.
Timebomb, dancei tentando me desviar de seus olhares, Samuel me olhava como se fosse me devorar, cheguei ao bar que ficava numa sala onde não havia fumaça e nem pessoas, eu o vi se aproximar atrás de mim.
"Você não entendeu, eu preciso das suas fotos, são as melhores".
"Mas eu não te autorizo a usa-las, na verdade quero que apague todas elas".
"Eu gostei delas, não vou apaga-las".
"Faça o que achar melhor, mas se eu ver alguma foto minha rodando por Nova York, eu vou saber quem me fotografou para acontecer isso".
Ele colocou a mão esquerda no bolso de trás de sua calça social e me mostrou algumas notas de dinheiro.
"Eu pago pelas imagens, te dou tudo o que tenho aqui comigo".
"Você está louco", disse furioso.
Sai de perto dele antes que lhe socasse a cara, não, eu não aceitaria dinheiro para divulgar minha imagem. Não dele.
Voltei para a sala onde os adolescentes riquinhos dançavam a música, duas garotas se aproximaram e começaram a dançar ao meu redor. Elas se esfregavam no meu corpo, eu sabia o que elas queriam. Eu até queria, mas somente com a loirinha, a ruiva parecia já ter beijado outras pessoas naquela noite. Então as duas pararam na minha frente e começaram a se beijar. Os corpos delas estavam colados uma na outra e os braços envolta da cintura uma da outra. Estava gostando do que estava vendo, não é sempre que duas garotas se beijam na sua frente. Então a loirinha segurou a minha mão e me puxou para onde estava as bebidas.
"Sou Alexa, está é Rebeca", disse a loirinha apontando para a ruiva, atrás da ruiva não muito distante encostado na parede estava Samuel, o garoto de cabelo branco me olhou como se quisesse me matar.
"Vamos fazer algo diferente", disse a ruiva, "Queremos te levar para o andar de cima".
"Sua mãe vai gostar de saber disso", disse Samuel assustando a ruiva, ela olhou para ele e o encarou.
"Samuel, era só uma brincadeira", ela disse com a voz abafada.
"Faça o que quiser Rebeca, aproveite a festa", Samuel sorriu e passou por mim para subir a escada em meia lua.
"Vamos então", disse a loirinha.
"Não era somente uma brincadeira?". Perguntei zombando delas.
"Da brincadeira lá em cima você vai gostar, e muito".
A ruiva me puxou subindo os degraus da escada. Murmurei algo sobre Samuel também estar no segundo andar, mas a ruiva respondeu que não se importava em à mãe saber sobre isso.
Entramos em um quarto com meia luz, elas disseram para eu tirar a roupa e deitar na cama junto a elas. Uma tirou o sutiã da outra, elas sentaram uma de cada lado e enquanto uma passava a mão no meu cabelo a outra acariciava meu abdome. Beijei a ruiva, teus lábios tinham gosto de morando e depois beijei a loira, está tinha uva nos lábios. A ruiva esticou meus braços para cima e beijou me pescoço enquanto a outra massageava o grande volume de dentro da minha cueca.
"Você é grande", ela sussurrou em meu ouvido.
E ali me distrai da festa que acontecia no andar de baixo. Creio que nem mais sabia a sequência das músicas. Estava prestando atenção em outras coisas.

Acordei com as batidas fortes na porta, por um momento pensei ser o fim do mundo, mas quando olhei para a porta a vi tremer, já estava aberta com o garoto de cabelo branco parado me olhando. Olhei a minha volta lembrando do que havia acontecido, é realmente foi bom, pensei. Sentei na cama king size jogando o lençol por cima do meu íntimo. Me perguntei há quanto tempo ele estava ali me olhando pelado, mas não me dei essa resposta. Aquele garoto de cabelo branco é com certeza a pessoa mais estranha que já conheci.
"Minha prima disse que você é péssimo de cama, quando esbarrei com ela enquanto saia de mansinho hoje de manhã".
Ele disse com um breve sorriso no rosto, parecendo querer zombar de mim.
"Qual das duas que eu fodi hoje é sua prima?".
Ele desencostou da porta fechando seu belo sorriso. Ele olhou nos meus olhos permaneceu ali em silencio fitando-me. Ele olhou para uma tatuagem que eu tenho entre o peito e o ombro esquerdo. I’m Warrior.
"Ygor Oclen pediu para vir te chamar para o café da manhã, vista-se primeiro".
Disse ele, e abriu a porta saindo.
"Hey", gritei esperando que ele voltasse para trás e me olhasse daquela mesma forma que estava olhando quando acordei, mas ele não voltou. Eu esperei fitando atentamente a porta entreaberta. Levantei e comecei a me vestir.
Caminhei até o banheiro que ficava atrás de uma porta dentro do closet. Imaginei que aquele seria o quarto dos pais dos gêmeos. Fiquei parado em frente ao espelho, gostava de me analisar, gostava de ver o reflexo dos meus olhos. Meus olhos transmitiam dor, naquele reflexo, estava triste e tão sozinho. Fechei os olhos e abaixei abrindo a torneira e molhei o rosto com a água aquecida. Levantei a cabeça e voltei a me encarar no espelho agora com o rosto escorrendo água. Estupido, eu sou um estupido.
Enxuguei o rosto em uma toalha branca que estava sobre o mármore preto do balcão. Sai do banheiro passando pelo closet e recolhi minhas roupas do chão vestindo peça por peça. Depois sai do quarto. Olhava as imagens de uma família feliz em cada quadro que se estendia pelo corredor, eram gêmeos para todos os lados. Desci a escada e me deparei com todos sentados em volta da mesa que não estava ali na noite anterior.
"Vou pedir para que comecem a servir o café da manhã", disse um dos gêmeos. Acho que esse era o que é gay. Ainda me confundo.
"A bela adormecida acordou, finalmente", errado, este era o irmão gay, James Oclen, "Faz duas horas que Samuel subiu para te chamar, e até agora não voltou".
"Ele me acordou", disse com a voz abafada de quem ainda está com sono.
Estava parado no último degrau da escada, olhei para trás e voltei subindo novamente.
"Volte logo, estou com fome", gritou Talita enquanto eu corria até o topo da escada.
Caminhei pelo corredor e abri cada porta por qual eu passava. Olhava dentro dos quartos, mas não encontrava Samuel. Até abrir a porta do quarto onde eu dormi. Ele estava sentado na cama com a cabeça baixa olhando para o chão. Sequer percebeu que eu havia entrado. Me aproximei lentamente ele olhou para cima.
"Estão te esperando agora".
Ele se levantou, estávamos próximos agora, tão próximos que sentia o calor de teu corpo, sentia seu hálito de menta. Ele pegou minha mão esquerda e a segurou firme levando até seu peito, seu coração estava acelerado.
"O que foi?", perguntei ainda sentindo o calor de seu corpo ainda com a mão pousada em seu peito.
"É isso que você vem fazendo, é isso que você causa todas as vezes que te vejo, da primeira vez até agora, é assim que meu corpo reage. É estranho, não é".
"Sim", respondi sem saber se era uma resposta ou pergunta.
"Tão estupido a forma como me senti quando te vi pela primeira vez, sentado numa escada conversando com seus amigos, e ontem quando você chegou com seu carro parecendo uma chaminé, e hoje pela manhã enquanto eu te olhei dormir por meia hora. Estou te observando a tão pouco tempo, e tão pouco tempo parece uma eternidade".
Ele ficou em silencio olhando nos meus olhos, segurando a minha mão sobre o seu peito.
"O que você quer que eu faça?". Perguntei.
"Nada", disse ele soltando a minha mão. Ele passou por mim e segurei teu braço puxando-o para perto, "Me solta".
"Não", eu o beijei, senti que devia fazer isso. Foi como se estivesse beijando pela primeira vez, a sensação que correu pelo me corpo foi a melhor, o toque de teus lábios faz um arder percorrer o meu corpo seguido por um arrepio delirante. Como se estivesse sob o efeito do êxtase.
Ele se afastou e olhou nos meus olhos.
Samuel correu para fora, eu o segui pelo corredor, mas ele era um pouco mais rápido e desceu a escada. Passei por Talita que me olhou assustada com a sobrancelha arqueada, ela tentava entender o porquê de eu estar correndo atrás de Samuel. Ele saiu da mansão e eu o segui até o estacionamento, antes de chegar até ele, Samuel acelerou a moto. ele fugiu de mim.
Parei de correr observando ele sair pela estrada.

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