TodoEu - Teus Lábios

Teus lábios

Os beijos, os toques, os sentimentos não são coisas passageiras, não são coisas que se esquece rápido. É preciso ter coragem para se entregar a estas coisas, eu tive.

Estava sentado na cama olhando minha mão acariciar a roupa de cama em que ele dormiu. Não era aquilo que iria fazer ali, não queria estar me sentindo daquela forma, mas foi involuntário me apaixonar. Não aconteceu naquele momento da festa, nem mesmo quando eu o vi tentando consertar o carro no estacionamento da mansão dos Oclen. Aconteceu, simplesmente aconteceu. Não teve como interromper meu coração neste processo violento.
Acontece que quando você não quer se apaixonar, ou quando você acabou de sair de um relacionamento e está vulnerável, aparece alguém que te faça se perder em um mar de sentimentos.
Sem perceber estava olhando para o chão, com os pensamentos a milhão, vi dois pés parados próximo a porta e levantei a cabeça lentamente. L. estava me olhando estranhamente bem, seus olhos estavam brilhando.
Ele disse algo sobre os outros estarem me esperando, levantei e peguei sua mão pousando-a sobre o meu peito, queria que ele sentisse como meu coração estava acelerado,
Tentei me expressar com palavras, explicando como ele me fazia se sentir, mas ele perguntou o que tinha de fazer a respeito, lhe respondi que não era necessário fazer nada e soltei sua mão, quando eu estava com um dos pés para fora do quarto ele me puxou pelo braço e meu corpo se colou no seu. Disse para ele me soltar, mas ele se negou e me beijou.
Simplesmente me beijou, seu toque foi como uma explosão em meu corpo, um arrepio percorreu dos pés à cabeça, teus lábios se moviam levemente nos meus, tentei me movimentar, mas o arrepio continuo impedia qualquer forma de movimento.
Me afastei assim que aquela sensação maravilhosa perdeu o meu controle, encarei teus olhos e corri. Muitas vezes, em muitas ocasiões minha reação era correr. E foi o que eu fiz, correndo pelo corredor, descendo as escadas, passando pelos outros na sala de jantar e depois saindo pela porta da sala de visitas. Corri pelo estacionamento procurando nos bolsos da calça social a chave da moto, eu a encontrei e a girei na fechadura ligando a moto. Vi L. correndo pelo estacionamento, ele estava quase a me alcançar quando acelerei a moto e sai do terreno da mansão dobrando a esquina e saindo do condomínio.
O que foi tudo aquilo? Me perguntei enquanto acelerava pelas ruas de Nova York. Precisava voltar lá e olhar nos olhos dele e beija-lo novamente, mas não, eu não posso fazer isso. Olhei para trás como se ele estivesse me seguindo. Parei no acostamento, respirei e inspirei fundo. Precisava me acalmar, minhas mãos estavam suadas e meu coração quase saindo pela boca. Isso não podia ter acontecido, aquele beijo... não devia ter me deixado levar, deveria ter recuado assim que ele se aproximou, ou quando ele me puxou. Fiquei tão sem reação.
De repente uma moto estacionou na minha frente, L. tirou a capacete e desceu dela. Minhas pernas estremeceram.
"Não fuja", disse ele ofegante, "Juro que não vou te beijar novamente", ele respirava pausadamente enquanto eu apenas o fitava assustado, "Desculpe-me por isso, eu não devia"...
"Não se desculpe", disse interrompendo-o, "Eu quem não devia ter dito aquelas coisas".
"Eu gostei".
Ele estava parado segurando a capacete na mão olhando nos meus olhos, tão sem reação quanto eu.
"Do beijo?". Perguntei abaixando a cabeça.
"Também".
Ele sorriu quando voltei a olhar para ele.
"Vamos começar novamente, da parte onde você me pediu para fazer umas fotos para o seu trabalho", disse ele colocando o capacete no banco de couro da moto, logo reconheci, era a moto do Y. Oclen.
"Você tem certeza?".
"Pode começar".
"Meu nome é S. Tondick, eu gostaria que você pousasse para umas fotos de um trabalho que estou fazendo para o meu curso de fotografia", disse tentando fazer isso sem dar risada entre as palavras, "Você aceita?".
"Aonde vamos tirar essas fotos?", ele perguntou, fiquei sem resposta olhando para ele com a sobrancelha arqueada, "Pode ser na minha casa?".
Minutos depois estava estacionando minha moto na frente da casa dele, não muito diferente das casas do Brooklin, havia fotografado naquela mesma rua.
"Entre", disse ele parado na frente da porta entreaberta no alto da escada da casa cinza de janelas vermelha. Enquanto subia os degraus da escada reparei que uma das janelas estava com o vidro quebrado.
Entrei na casa, estava no centro da sala quando ele jogou a jaqueta de couro preta em cima do sofá com o tecido rasgado.
"É um bom cenário para o seu trabalho?", ele perguntou sentando no mesmo sofá.
"Sim", respondi olhando seus músculos marcado pela regata branca.
"Você trouxe a câmera ou vai me fotografar com os olhos?". A câmera, lembrei.
"Não trouxe a câmera, mas posso voltar um outro dia se você quiser é claro".
"Pelo menos você vai ter um motivo para voltar", ele se levantou e se aproximou, "Vou te mostrar o resto da casa, assim você pode ir tendo umas ideias para as fotos".
Passamos pela cozinha que ficava atrás da sala e depois entramos em um estreito e pequeno corredor com três portas, ele disse que uma delas era o banheiro, mas entrou numa outra.
"Este é o meu quarto", disse ele acenando com a cabeça para eu entrar.
Havia algumas peças de roupas no chão, uma cama de solteiro encostada na parede, um guarda-roupa quase tampava a entrada de luz da janela. Uma pequena mesinha no canto de frente a porta e mais um monte de roupas ao lado dela.
Observei em silencio, ele se aproximou.
"Acho que ficaria legal algumas das fotos serem aqui no quarto".
"Emite muito sobre você", disse olhando para uma cueca próxima ao meu pé.
Ele sorriu e se aproximou um pouco mais ficando na minha frente.
"Eu não sei se devo fazer o que estou pensando, disse que não iria fazer".
"Você jurou".
"Estava com os dedos cruzados", ele sussurrou, "Eu posso?". Perguntou ele colocando a mão na minha nuca. Ele posicionou os dedos entre meu cabelo branco e massageou minha nuca com seus dedos finos e esguios.
Com a outra mão ele tocou minha cintura e subiu até a minha costela. Ele tirou a mão da minha nuca e junto com a outra desabotoou minha jaqueta preta com pequenos detalhes brancos.
"Está muito calor aqui dentro, não tenho ar-condicionado, o jeito é se refrescar como pode, a melhor das ideias é tirar as roupas pesadas".
Ele deixou minha jaqueta mergulhar no chão.
"Alguma vez você já fez isso?". Perguntei.
"Isso o que?".
"Com um... Você já fez com um homem?". Especifiquei a pergunta. Ele mordeu os lábios.
"Você foi o primeiro que eu beijei".
"E por que quer tanto seguir em frente, quero dizer, fazer isso?".
"Estou com uma vontade louca de você", ele olhou para seu pênis e eu acompanhei seu olhar.
Era possível ver o volume na calça jeans escura.
Voltei a encarar teus olhos.
"Preciso ir, já que não trouxe a câmera para te fotografar.
Sai do quarto e segui até a sala. Ele me acompanhou.
"Você vai voltar para me fotografar?".
"Assim que possível".
"Amanhã, volte amanhã".
"Tudo bem, agora tenho que voltar lá e falar alguma mentira sobre eu ter saído daquela forma, pelo caminho invento alguma", abri a porta, "Você vai para lá também?".
"Vou devolver a moto", ele parou e ficou em silencio me olhando.
L. segurou meu ombro e me puxou beijando-me.
Me afastei por impulso.
"Vai que você não volta", disse ele tentando se explicar.
Sai batendo a porta atrás de mim.

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